Favor não regar meu ciúme doentil

            Sempre fui obcecada  por aquela carne e aquele amor. Tão obcecada que o queria só para mim. Vigiava todos os olhares e quase todos os passos, porém, não foi o suficiente. Não sei se deixei a desejar ou se ele tinha tanta sede que fora mais esperto que pude imaginar.
            E assim, aquele amor lindo e puro deveria ter morrido. Pois não era nem tão lindo  e nem tão puro assim. ME pergunto as vezes o porquê isso não aconteceu e a resposta vem em voz de poesia e tal poesia chama-se perdão e ela concorda com expressões do dia-a-dia que mostra que quanto mais se ama, mais se perdoa. Por mais que certas palavras não parem naquela boca, e não param, meu amor aumenta a cada dia. Acompanho de longe cada mudança e cada conquista comemorando em silêncio.
            Eu sempre o admirei, mesmo disfarçando. Admirava como falava do mundo, da economia, de carros e de tudo o que saísse de sua boca, até mesmo os palavrões descabidos. Seu modo sempre preocupado com o presente sempre me encantou. Eu estava sempre tão presa ao passado e  ao futuro que talvez não tenha contemplado isso como deveria. Sei que não merece, mas espero que esteja arrependido pois mesmo querendo não guardo mágoas. Deve ser por acreditar que cada boca que beijou não substituiu a minha e em cada corpo que tomou como dele não viu a alma, portanto não tocou o coração e nem sentiu orgasmos emocionais enquanto tocava apenas a mão de uma das tantas amantes que teve.
            Sinto tanto ciúme de um homem que já não é meu há bastante tempo. Queria possuir sua alma e seu coração para que seu corpo me procurasse automaticamente por todo o tempo. Faz-me falta cometer todos os abusos que cometíamos. Não tinha lugar em que eu me sentisse mais segura que quando deitada em seu peito e hoje é o lugar que me traz mais nostalgia e ao mesmo tempo o que mais me amedronta.